quinta-feira, 31 de julho de 2014

LITTLE TEXAS

My Love - Little Texas 




SIMPLY RED

Simply Red - You Make Me Feel Brand New




Joe Cocker - Don't You Love Me Anymore







A ATMOSFERA DO ESTAR



Estar é um estado no qual se gera a compreensão de que há um espaço ocupado, uma condição de vida em desenvolvimento ou uma presença identificada em um determinado ambiente.
Contudo, estas compreensões não necessariamente podem se localizar exclusivamente por uma condição física ou material. Quando movemos nossas percepções para o mundo material, criamos uma identificação e rapidamente estabelecemos uma referência e analogia com algo semelhante, e que possa nos dar a ideia de conhecimento ou de reconhecimento.
Aquelas formas são variáveis, mas coexiste dentro de um mesmo plano de observação.


Porém, o estar, pode ser percebido como algo muito além do que a realidade material pode expressar ou representar a partir de descrições realizadas pelo homem.
“Estar”, antes de qualquer entendimento concreto, é uma atmosfera.
È algo que transcende ao físico e material, aloja-se em uma condição imaterial, portanto, não se prende a conceitos rígidos de identificações formatadas pelas observações desenvolvidas a olho nu pelas mentes individual e coletiva.
Quando emprestamos ao “estar” a condição de uma esfera por um pensar sob prismas mais ampliados, temos que olhar sem as medidas e fronteiras que são naturais para os processos físicos e materiais.
A sensação de descontinuidade e ao mesmo tempo de integralidade que esta atmosfera se presta conter, é sem dúvida alguma, uma condição até certo ponto assustadora, mas, igualmente excitante sob o ponto de vista do desconhecido, do inimaginável e da necessária desincompatibilização em relação ao tempo e a forma.


A mente comum e filiada a processos identificados com a natureza física e material, vê nesta possibilidade motivo de temor, pois, a esta, é seguro verter conceitos e teorias que se moldem as práticas já dominadas por sua mente.
Mas, ouso ausentar-me desta condição ao permitir-me invadir conceitos que transcendem esta condição segura. Invado campos conceptuais que tangenciam a utopia, contudo, podem fornecer-me insumos valiosíssimos que me permitam definitivamente, olhar ao mundo, não tão somente por diagramas, geometrias, números ou ilações que manifestam as já seguras e limitadas ideias assentadas por comprovações materiais.


Ao viajar nesta esfera na qual me lanço, mantenho contato, não com as formas ou as expressões sustentadas por valores numéricos ou conceituais. Assumo a ausência da forma e do conhecimento, e me concebo como o nada e o todo, coexistindo dentro e fora, apenas fluindo por energias tão mutáveis quanto a própria ideia do imperceptível, intangível e o inconcebível.
Abandono a clausura de minhas vãs memórias e projeto-me nesta aventura, onde a vida se confunde com a morte, sem que uma ou outra possa ser distinta ou expressar o fim ou o principio. Quero apenas transitar sem ser notado, ou ainda, vagar por entre as vidas como elemento elétrico, sensível ou até mesmo inerte ante os conceitos comuns ja abandonados neste ponto de minha viagem.
Agora que sou apenas um átomo desprendido de sua natureza física, voo para onde flua a energia que permeia a tudo, sem importar-me com o abandonado conceito de qualidade, sejam estes, positivos ou negativos. Estes extremos apenas denunciam a pobreza dos conceitos formulados ainda em estado físico, mas que no agora, descartados necessariamente o são, para que a interação possa ser alcançada neste estado de “estar”.


Fazendo-me “estar”, sou movido como uma onda que segue o fluxo da vida, sem que esta vida possa ser reconhecida. Neste ponto é necessário apenas transitar na eletricidade que o fluir contém.
Retrocedo ao passado para encontrar a atmosfera que por minutos pude absorver e ser absorvido. Com esta condição pude simplesmente presenciar aspectos da vida, conectados e desconectados da própria vida, se isto é possível, algo estar desconectado da vida. Mas aconteceu, e o trago para o agora, mas como? Se o agora é o sempre, não há divisão, compartimentos ou seguimentos, apenas existe o momento onde a consciência se localiza. Partindo deste principio, posso viver na atmosfera com a qual mais me identifico.
Esta é a razão pela qual as pessoas tem dificuldade em entender o que é o agora.
O Agora é o estado natural e instantâneo onde a consciência se localiza, onde as suas percepções estão despertas e para o que esta, desperta.
Desta forma, posso estar, transpor, retroagir, avançar, tudo ao mesmo instante, conduzido pelo foco onde localizo a minha consciência.
Ao adotar apenas a condição de um átomo, qualifico-me a mover este processo, inserir-me nele na totalidade do que eu sou, reconhecendo o absoluto, o intangível, a pluralidade contendo o singular e sendo contida neste mesmo singular.


Este é um ponto nevrálgico e que somente pode ser possível vivê-lo quando não estamos condicionados pela forma, medidas ou limites.
Avanço neste projeto e declino de qualquer identificação, relação e condição que seja menos do que o nada, tampouco, que seja mais do que o todo. Não mensurar é condição impar para habitar a esfera do “estar”, sem sequer visualizar o seu estado, apenas permitindo que as coexistências múltiplas dos aspectos da vida, possam interagir sem necessariamente ser percebidos.
Esta condição do “permitir” é o grande algoz da mente, da personalidade e do caráter que se filia a forma, medida e tempo, pois, a ideia de não ser, não conter e não finalizar é extremamente assustador, na medida em que não existe controle, eis aqui, o segundo grande algoz.
Quando o ser é integrante da vida como a percebemos, ele necessita de regras, condutas e referências para se sentir seguro como o agente no movimento da vida. Este comportamento e compreensão o tornam prisioneiro, na e em vida.
Condição esta indubitavelmente inexistente no “estar”. Neste estado não existem ações premeditadas ou repetitivas, há apenas o insólito e o contínuo recriar-se.
Permitir-se viver nesta condição de permanente estado cumulativo e de dissipação, requer extremo desapego e sensível sintonia com a vertente da vida, somente possível para poucas consciências.
Consciências estas que transpuseram os limites dos conceitos ligados a censos planetários, galácticos e cósmicos. A estes, apenas a vida como ela é, um perfeito estado de “estar” cuja maior virtude confunde-se com o completo abandono do “eu”, rejeitando nesta condição todas as filiações que sejam menores do que o ir e o vir, ou a própria inércia.


Não existem aqui, conceitos a serem formulados, assim como também não é possível o ser configurar-se na individualidade.
Quando alcançarmos este “estar”, seremos a vida na própria vida, vivendo a vida sem sequer perceber estar nela como parte dela, mas, fluindo, sem direções, condições, propósitos que possam ser gerados na primeira pessoa.
Nesta condição, não encontramos nas linguagens humanas verbos que possam traduzir ou intimamente identificar o que seja o “estar”, pois, este é um estado, uma atmosfera, um fluir que transcende o imaginário do mais prodigioso sonhador que a terra possa ter gerado em todos os tempos nela guardados.
Eu sou o infinito que é contido pelo finito, enquanto este não se descobrir plenamente imensurável. Quando o elo dos limites for rompido, eclodirá a vida em toda a sua plenitude, e ai, já não fará mais diferença, os vagos conceitos e as formas carentes e vinculadas a identificações pobres de valor e amor por si mesmos.
Eu estou onde vocês estarão, no nada e no todo, no inimaginável “estar”, a um instante de vocês.


Roberto Velasco.

FORTALEÇA O AMOR COM...





terça-feira, 29 de julho de 2014

O PROCESSO DA BUSCA E AS MEIAS PALAVRAS




Hoje, aproveitando o sossego que a chuva que cai la fora nos oferece em relação as altas temperaturas que se faziam constantes, decidi escrever sobre algo que me parece imperioso neste momento.
E ao me dirigir ao propósito deste texto, encontro inúmeras razões para me concentrar no desenvolvimento de seu conteúdo.
Embora possa parecer contraditório e de certa forma, é inquietante observar, que mesmo para aqueles que se movimentam em suas buscas pessoais, o medo da autodescoberta é comum em seus processos mentais e emocionais, como também o é, naturalmente para aqueles outros que continuam adormecidos em sono profundo de pura ignorância.
Mas, a que atribuir este comportamento?
Onde reside  na natureza humana travas tão imponentes, que inviabilizam a tomada e a manutenção da decisão, em  aprofundar o conhecimento sobre si e a personalidade, que manifesta neste espaço real da vida dimensional terrena?


Onde podemos buscar subsídios que nos concedam informações para gerar teorias e hipóteses que satisfaçam as ponderações e reflexões acerca deste tema?
Pessoalmente, entendo a fragilidade do humano diante desta demanda pessoal, pois, somos seres dotados de escassa capacidade cognitiva e ausente domínio da serenidade em nossas ações cotidianas. Movemo-nos como bonecos mecanizados e programados para usar de repetidas formas de manifestação carentes de discernimento e espírito humano.
Embora esta última observação imediatamente acima, possa ser observada como um excesso de minha parte. Permito-me usar de uma única argumentação para sustentar a minha afirmação.
Valho-me daquilo que é censo comum em todas as sociedades que residem neste planeta.


“Nós estamos em 2014 e continuamos a ceifar vidas humanas como fazíamos a séculos.”
A frase acima é suficiente para derrubar qualquer argumentação contrária a minha afirmação, pois, não podemos tomar as ações de um ou mais indivíduos que não praticam estes atos bárbaros, como se estes pudessem inibir ou extinguir a ignorância daqueles que continuam a matar.
Tomando como exemplo a região metropolitana de Porto Alegre, até o dia 25 de Fevereiro, morrerão aproximadamente 200 pessoas vítimas de homicídios.
Acredito serem desnecessárias mais argumentações, ou não?


Pois bem, o medo individual ou o medo causado nas relações sociais, emudecem e polarizam ao humano, em razão deste se ver atemorizado ante as circunstâncias de sua vida pessoal e também naquela na qual ele participa como célula desta sociedade.
Estes enfrentamentos vão assegurando ao individuo, um comportamento defensivo, e naturalmente comprometido com a manutenção de sua segurança pessoal.
Esta segurança em absoluto pode ser ameaçada por qualquer forma de evento que retire deste individuo, a sua paz interior, mesmo que esta paz seja algo muito pouco concreta e muito mais comprometida com um espaço abstrato de percepção deste, em relação a sua realidade pessoal e social.
Neste processo de autopreservação, são criados os vícios e domínios do ego, que conduzem o individuo a um comportamento fiel a posturas comportamentais que o mantenham camuflado diante das possíveis ameaças, a que seu eu pessoal possa se confrontar.


Irremediavelmente esta postura, o conduz a uma inibição natural para todo e qualquer intenção de uma maior analise de si mesmo. Vemos pessoas dotadas incrivelmente, de gatilhos de autoproteção que são disparados ao menor sinal de risco de exposição que elas possam enfrentar.
Desta maneira, os bloqueios e as inibições são muito comuns e atingem-nas de maneira contundente levando-as a manter-se em posições confortáveis, afastando-se de situações onde possam se sentir expostas e ameaçadas em sua “segurança” pessoal.


Infelizmente o desenvolvimento e a sustentação desta postura, torna o humano um ser fragmentado e de difícil capacidade de reunificação.
Reunificação esta, que somente seria possível na adoção por parte deste, de um comportamento mais disciplinado e orientado para questionamentos que possam decifrar a sua natureza interior, sem os referidos padrões e gatilhos de segurança que ele desenvolveu ao longo da vida.


Estas são as razões que entendo ser muito plausíveis de aceitação, na compreensão das razões que impedem ao humano, de desenvolver-se na busca de uma compreensão mais profunda e clara de sua natureza enquanto individuo dotado de capacidades maravilhosas, mas, que permanecem adormecidas aguardando o momento em que elas possam aflorar a luz dos dias, trazendo uma nova vertente de vida a cada um de nós.



Tenho observado em razão de meu trabalho, que as pessoas de uma maneira geral, apresentam “boa vontade” em começar a desenvolver este trabalho, mas, ao surgirem os primerios confrontos mais significativos, muitas delas puxam o freio e param, alegando motivações vãs e irreais para justificarem seus medos.
Mas, ao adotarem este comportamento, elas não percebem que estão fazendo exatamente aquilo que seus egos lhes “determinam” que façam.


Outro componente que se manifesta comumente e promove verdadeiro pavor aos possíveis buscadores da sua luz interior, é aquele ponto sensível e verdadeiramente concreto, que é, viver simultaneamente uma realidade espiritual e material. O grande problema para estas pessoas é saber lidar com esta duplicidade de realidades e as distintas consequências que estas, promovem em suas vidas.
Confesso que neste ponto elas têm razão em afirmar que é difícil trabalhar de maneira harmoniosa, a acomodação destas duas vertentes da vida. Contudo, elas são presentes na vida de todos nós, desejamos, aceitamos, acreditamos ou não, isto é um fato irrefutável.
Quanto mais o humano negar esta ocorrência, mais ele estará se sujeitando a atrasar a sua evolução, e ao mesmo tempo, mais estará contribuindo para o aumento da densidade de sua natureza ao ser permissivo com os pensamentos em si e no meio social, que lhe cercam com a  negação desta verdade.



Do que você tem medo?
De olhar para dentro de si e perceber que você já fez muita “porcaria”?
De olhar para você e perceber que você não é tão bom quanto você imaginava ser?
Caros amigos, isto todos nós temos em nós. Somos bons e ruins, somos verdadeiros e mentirosos, somos santos e profanos, somos luz e sombras.
Negar isto é negar a si mesmo, e o pior, é continuar e reforçar a ignorância que o domina e o impede de olhar para dentro de si com os olhos de Deus.
Sim.
Quando olhamos para nós em um processo de busca pessoal, há uma única forma de se observar, e entendo que aqui reside o maior problema das pessoas.
Elas não conseguem olhar para si, com os OLHOS DE DEUS.
Elas olham para si com os olhos de juízes e carrascos, que estão ávidos em apontar o dedo em julgamento/culpa, e penalização imediata de si mesmo.
(Não me atreverei a comentar o julgamento ao outro)
Isto, eu lhes digo é um absurdo.
Todos nós já fizemos muita porcaria na vida. Mesmo você neste instante ao ler este texto e se sentir ameaçado por ele, saiba, você também já fez muita porcaria em sua vida, seja nesta, ou em outras vidas.
Muitos certamente devem estar tentando se proteger neste momento, e dizem para si mesmos, “Não, este cara esta louco, eu sou uma boa pessoa, não faço e nunca fiz mal a ninguém.”


Quem deseja viver de ilusões tem todo o direito e não serei eu que a retirarei de quem assim se entende.
Mas, é melhor não continuar a ler este texto por sua própria segurança.
Entretanto, para aqueles que ousarem continuar a ler, afirmo que você, eu e todos nós, ou somos, ou já fomos a algum momento muito mal.
A vida não se resume somente no agora, a vida é um processo contínuo, a morte, a morte não é nada. Ela apenas estabelece um intervalo em sua vida, não é um ato descontínuo como muitos podem pensar, a vida e a morte é um mesmo processo, apenas se revestem de estados corporais distintos, enquanto um é físico o outro é apenas energético.



Portanto, todos nós temos realmente algo a corrigir. Eu, você e todos nós, ninguém foge a esta verdade.
Porém, muitos fogem por todas as  vidas  deste momento, mas outros, tem a coragem de parar e decidir olhar para si e ver o que necessita ser corrigido.
Este momento é uma dádiva a aquele que decide olhar para si, e caminhar na direção de si mesmo.
Em meu trabalho com as pessoas que se aproximam de mim, sempre em nosso primeiro dia de diálogo, lhes afirmo que devem riscar de seus dicionários seis palavras, são elas:
Julgamentos; Culpas; Penalizações; Vitimizações; Medos e Apegos.


Todo e qualquer trabalho que esteja filiado a verdade e ao amor, necessariamente tem que primar pelo atendimento destes requisitos básicos.
Não podemos incursionar pelos terrenos da consciência, dotados e armados de ferramentas que são as responsáveis por nosso estado deprimente e de extrema densidade.
Quando decidimos começar um processo de descoberta pessoal, temos que ser movidos por algumas virtudes que sustentem este caminho. E não é sendo fiel a crenças e padrões limitadores que haveremos de superar tais dificuldades.
Precisamos valorizar em nós, virtudes como o Amor, a Coragem, a Disciplina, a Verdade, a Sabedoria, a Paciência, a Honra e o Amor.
Repeti a palavra amor? Não, todo e qualquer caminho começa e termina no Amor.
E é exatamente nesta energia que reside o maior problema das pessoas. Amamo-nos muito pouco, sabemos muito pouco sobre o amor, entendemos muito pouco sobre o que o amor pode fazer.


Ouvimos corriqueiramente em nossa sociedade esta palavra, mas a ela muitos poucos são os que se ligam verdadeiramente de coração puro e leve.
Quando você decidir caminhar na direção do amor, você fatalmente terá que estar limpo, leve, em paz e aceitar ao amor em sua extensão e plenitude.
E isto sinceramente, é um estado muito pesaroso, há a necessidade de muita entrega e muito carinho por si mesmo para se viver o amor.
Encontramos muitos a oferecerem receitas e fórmulas para a conquista do amor.
Mas vejo dois erros básicos nesta conquista e consequentemente nesta oferta: a primeira, amor não se conquista, nós somos impregnados pelo amor; a segunda, não existe receita e fórmulas, para você impregnar-se do amor, você precisa conhecer a si mesmo e aceitar a si mesmo, voltado sempre para um aprimoramento do que você é.
Desconheço outro caminho, vejo o amor como o ATRIBUTO para o ser, VER-SE COMO DEUS O VÊ.
Somente quando atingimos este estado, podemos nos impregnar do amor.


Por esta razão, sou sempre um motivador para todos aqueles que tomam a iniciativa da busca pessoal, sempre os encorajo, os inflamo nesta busca, por que em realidade é o momento mais sublime do ser enquanto personalidade.
Neste momento, a personalidade curva-se diante de sua alma e direciona-se a labuta pessoal na transmutação de padrões, crenças, medos e aderências que ela se permitiu acoplar em sua consciência ao longo de sua jornada como ser multidimensional.
Então, quando haverás de começar???


Medo do que?
De descobrir o ser maravilhoso que você É?
Se entregue, não importa em que estágio você possa entender que alcançou, lhe digo, há mais a subir, nunca estamos suficientemente prontos.
Talvez, o estar pronto possa ser entendido por aquele momento em que o amor, esteja em nós, ao redor de nós, dentro de nós e o vejamos igualmente no outro, da mesma maneira como o percebemos em nós.


A vida é extremamente pródiga em oferecer inverdades que se revestem de verdades e virtudes, mas, devemos estar atentos a estes momentos e a estas circunstâncias.
Os prazeres e as ofertas de sonhos são muitos, somos facilmente abordados por estas artimanhas da vida.
Mas, isto não pode representar desculpas para justificar a sua incapacidade e covardia em buscar o seu eu mais puro. Não acredite que mesmo Deus do alto de sua benevolência por todos nós, desconhece os motivos que nos fazem ser relapsos.
Recentemente, vim, a saber, por meio de um amigo muito próximo, posso dizer um irmão de coração o acontecimento do seguinte fato.
Como todos sabem, uso as palavras na plenitude do que elas dizem e na profundidade do que quero transmitir, portanto, falo de maneira direta sem meias palavras, e realmente, confesso que neste particular sou sempre muito direto e objetivo.
Pois bem, ao publicar em um determinado grupo um texto, foi feito um comentário por parte de uma pessoa sobre o texto que eu publiquei. Em resposta me dirigi a esta pessoa como sempre o faço, de maneira educada, polida, mas, igualmente sendo direto e objetivo.


Uma terceira pessoa se aproximou deste meu “irmão” e disse-lhe: “Será que não deveríamos excluir o comentário que o Roberto fez para aquela senhora?”
Em resposta, este meu “irmão” perguntou ao seu interpelador:
“Há mentira nas palavras dele?”
O que em resposta lhe foi proferido.
“Não, ele falou toda a verdade que eu mesmo gostaria de falar, mas ele é muito direto, muito especifico.”
Bem, embora eu respeite a todas as opiniões em contrário, sempre me moverei desta forma, jamais serei brando em minhas argumentações. Sempre estarei expressando o que sinto e o pouco de conhecimento que tenho, jamais haverei de falar o que querem ouvir.
Nunca faltei ou faltarei com o respeito com as pessoas, mas, isto não me impede de ser direto e objetivo.
Não uso meias palavras, e este é o problema das pessoas, elas gostam de meias palavras para se sentirem mais seguras, isto é um absurdo.
Mas reconheço, é um direito de quem pensa assim.   
No entanto, jamais encontrará acolhida em mim este tipo de comportamento.
O que quero dizer ao relatar este fato, é demonstrar como as pessoas enxergam as verdades, mas, como é mais atrativo a elas, manterem-se filiadas a mentiras e meias palavras.
A hora é para mudar, a escolha esta sendo feita agora, não caia naquela armadilha que diz: “Tudo tem o seu tempo”. Tem?
Ou é você que faz o tempo acontecer?
PENSE.

Sou Grato.


Roberto Velasco.

O MAL EM CADA UM DE NÓS



A busca pela compreensão daquilo que somos nos remete ao passado, e este, se reveste de suma importância em nos oferecer análises que possamos desejar edificar sobre nós mesmos.
O tempo embora medido por horas, não é exatamente aquilo que nossos sentidos podem perceber. Ele é apenas um condicionante de nossa mente, pois, trás a nós o entendimento daquilo que não estamos mais vivendo e daquilo que estamos a viver em nosso presente e viveremos em nosso futuro.
Desta forma, ao olharmos para a vida por este prisma em relação aos fatos gerados e os instantes em que estes se manifestaram ou se manifestarão, temos a idéia de passado, presente e futuro.


Olhando de uma maneira desapegada deste condicionamento temporal, nos permitiremos observar a vida como um todo único e indivisível onde cada segmento e fato registrados ao longo de nosso percurso, estão intrinsecamente conectados em importância, conseqüência e construção do nosso agora.


A trajetória de cada indivíduo é constituída de fatos onde a sua ação no desenvolvimento destes, é efetiva e inalienável, pois, ele é o agente criador, aquele que constrói o roteiro no qual se permite inserir como ator principal de sua existência, enquanto ser encarnado na Terra como humano.
Se aceitarmos o que imediatamente acima esta declarado, podemos então, aceitar a idéia de que nada que nos aconteça fuja de nossa responsabilidade, seja esta, por omissão ou ação, conciente ou inconsciente.
Dando um passo a frente neste entendimento, também podemos aceitar o fato de que ao sermos responsáveis por tudo aquilo que vivemos em nossas vidas, torna-se mais fácil entender, que aquilo que é produzido em nossas vivências é reflexo do que internamente somos dotados em pensamentos, sentimentos, emoções e intenções.



Avançando de maneira mais acelerada nesta observação, somos forçados a aceitar o fato de que todos os momentos que vivemos espelham expressões internas daquilo que há dentro de cada um de nós.
Desta forma, fica evidenciado de maneira irrefutável que aquilo que chamamos de bem ou de mal são inerentes ao grau de evolução de nossa mente ou de nossa consciência.
E aqui se faz necessária uma distinção que eu julgo importante esclarecer.
Em meu entendimento o humano se movimenta orientado por uma destas formas de expressão, mente ou consciência.
Quando orientado pela mente, conceituo-o como dotado de uma manifestação muito limitada e condicionada pela ação que os instintos, a mente coletiva e seus desejos primários se impõem como forma de manifestação deste indivíduo. Os valores externos prevalecem em detrimento dos internos.
No entanto, quando este mesmo indivíduo permite-se orientar por sua consciência, ele esta em um processo de autoconhecimento, que o leva a desenvolver princípios e conceitos que são excludentes ao consenso comum e ao pensamento coletivo, em qualidade e intenção.
Há um propósito direcionado ao burilamento de sua manifestação, e onde as suas emoções, sentimentos e ações se afastam de movimentos ditados pelo ego, pelo domínio dos instintos e pelos desejos, e onde também, não se permite ser absorvido pela teia social afinada com a sustentação da ignorância e controle sobre o individuo.


Feita esta distinção, retornamos ao foco de nosso tema, o mal e o bem.
O que cada um de nós é hoje não é fruto do acaso, o resultado de coincidências ou o movimento dos astros. O que somos no agora, é o somatório de todas as nossas experiências vividas ao longo de nossas existências, desde a nossa criação por Deus. Todo aquele individuo que desejar se observar unicamente pelo momento presente, esta fadado ao insucesso, e a obter respostas paliativas e áridas sobre si mesmo.
Somos um conjunto ao mesmo tempo inteiro e multifacetado, onde as nossas expressões de vida foram elaboradas em um alto grau de complexidade no universo.
Experimentar a variedade de possibilidades e oportunidades foi a nossa escolha, e entre estas escolhas, também encontramos viver o mal e o bem dentro e fora de nós.
As pessoas relutam em aceitar que podem ser más, em suas manifestações, ou ainda, aceitar a idéia de que este mal habite dentro delas. É muito fácil para todos nós buscarmos identificar exclusivamente o bem como inquilino único, reconhecido e aceito por nós e em nós.


Para aqueles que comungam da idéia de que o mal não habita o seu interno, tenho apenas uma palavra de aceitação e compreensão, e me retiro respeitosamente de suas presenças para permitir que se movimentem de maneira independente e livre por tal veia de compreensão.
Dirijo-me agora para aqueles que conseguem aceitar a idéia de discutir tal possibilidade. A possibilidade de que o mal tanto quanto o bem, sejam aspectos residentes em nós como ferramentas a serem utilizadas em nossas experiências de vida.
Ora a vertente do bem se manifesta, ora, a vertente do mal prevalece em cada um de nós.
E este processo desenvolve-se até o ponto em que acordamos e começamos a entender, que a nossa manifestação sustentada pelo mal, já não é mais necessária para gerarmos as experiências e lições que a Alma decidiu viver.


Mas o que é o Mal?
Antes de procurar trazer uma possível resposta a esta pergunta, me adianto em oferecer uma teoria, do que realmente possa eu, ter como entendimento, por mal.
Temos um comportamento sempre direcionado a construir conceitos que qualifiquem as coisas em nossas vidas, por exemplo: belo ou feio, magro ou gordo, rico ou pobre, amor ou ódio, prazer ou dor, enfim, poderia ficar aqui classificando e identificando estas qualificações, mas não é este o meu propósito.
Mas há algo nestas qualificações que somente podem ser identificadas pela individualidade de cada um, ou seja, a maneira como alguém percebe ao outro ou a circunstância é muito particular. Como sabemos, dois ou mais indivíduos podem ter conceitos divergentes sobre o mesmo tema, circunstância ou pessoa.


Se assim o é, podemos entender que aquilo que para uma pessoa pode representar o bem, para outra pode representar o mal, pois, alem da diferente maneira que cada um percebe a vida, há mais um ingrediente nesta análise, que é o interesse daqueles que se encontram envolvidos na situação.
Estes decretarão, o que para um pode ser o bem em sintonia com o seu interesse, enquanto que para o outro, pode representar o mal em decorrência de que não satisfaça o interesse deste último.
Ao longo da historia humana nos deparamos com comportamentos de várias sociedades, com seus valores e crenças, que aos olhos de hoje podem ser totalmente consideradas uma afronta a vida e ao bem. Mas, na época em que elas aconteciam eram percebidas como normais pelas populações que as desenvolveram. Ainda hoje, encontramos em nosso planeta culturas, crenças e hábitos que são muito discutíveis em termos de valorização e respeito a vida.


Quando o indivíduo manifesta uma ação, pensamento ou emoção identificada a conceitos aceitos com a classificação de “mal”, significa dizer que sua conduta esta em desalinho com a conduta e conceitos vigentes e aceitos dentro daquela sociedade na qual ele pertence.
Agora voltando a pergunta sobre o que é o Mal?
Poderia agora afirmar que, o mal é uma expressão da personalidade, que não seja aceita e que não faça parte dos padrões sociais, culturais e morais de uma determinada sociedade?
Assim sendo, o mal ou o bem, é antes de tudo uma cultura, conceitos e valores dominantes em uma determinada sociedade, na qual a personalidade vai optar pela sua manifestação se em sintonia ou em desagravo a esta mesma sociedade.


Neste texto procurei trazer uma idéia um pouco mais distante de uma identificação particular e desconstituída de juízo de valor, apenas me propus a trazer o tema, para que em meu próximo texto, eu possa verter por águas mais revoltosas da manifestação humana sob o ponto de vista do Mal e do em.


Roberto Velasco.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

CONCEITOS



O indescritível é um estado no qual todos os conceitos se esvaziam diante da natureza daquilo que se oportunizou observar, pois, não encontramos entendimentos que possam dar definição ao objeto da observação.
As pessoas em suas movimentações cotidianas e no somatório destas ao longo de suas vidas criam, tendências perniciosas em gerar crenças sobre todas as naturezas por elas desenvolvidas.
Isto lhes traz ao longo do tempo o engessamento de conceitos que os tornam previsíveis e limitados em si mesmos.


Não deveríamos observar a vida como um estato definitivo, concreto e previsível, pois, esta tendência comum encarcera-nos e nos tonra seres pequenos diante da criação divina.
Quando aceitamos tais limitações, estamos dizendo ao universo que é este o circulo de consequências que nossas vidas podem experimentar.
Gosto de gerar o Caos na mente das pessoas ao trazer os meus conceitos para a apreciação destas, pois, é explicito o quanto para muitos é desconfortável tomar contato com conceitos que vão se chocar com as suas crenças.


Sei que muitas vezes é difícil mensurar e gerar entendimentos com informações e conceitos não antes debatidos, porém, adotar posições defensivas ao negá-los sem os analisar é no mínimo preguiça e medo.
Ao afirmar esta situação, obviamente que não estou defendendo os meus conceitos, pois, a razão da exposição dos mesmos é justamente criar desconforto e contrariedade nas pessoas.
Os meus conceitos são verdades temporárias para mim, e certamente não servem a mais ninguém, contudo, a finalidade dos mesmos é justamente o de propiciar as pessoas o debate pessoal daquilo que lhes agride e o confronto gerado com as certezas sólidas de seus pensares.


Minha proposta é gerar reflexão como um processo decorrente de observação, compreensão, análise, discernimento e a consequente avaliação da validade ou não destes conceitos, para tão somente após este processo, decidir-se pelo abandono ou não dos mesmos.
Desta forma, o indivíduo que se prestar a este processo, estará através de suas próprias ponderações colocando os seus conceitos em observação, e de maneira independente gerar suas próprias conclusões.


O que em absoluto não pode acontecer é o imobilismo, a inação, a letárgia. Todo o novo conceito com o qual você entra em contato tem de ser processado para dar-se valor a ele ou não, e mais, se há nele argumentos e informações que possam lhe enriquecer, em assim o sendo, imperiosamente ele deve ser observado com muita atenção.
A simples e tendenciosa negação do mesmo, não oportuniza ao indivíduo o direito a experimentar um crescimento como ser pensante, e o mantém em um estado de ser reativo, o que convenhamos, é muito pouco para quem desfruta da oportunidade de estar nesta realidade temporal.


Todo novo conceito com o qual você entre em contato, seja de onde ele vier, deve ser processado antes de qualquer atitude precipitada.
Muitos conceitos trazidos por célebres personagens humanos tiveram em sua primeira exposição claras rejeições por parte de pessoas e grupos de nossa sociedade no passado e no presente. Mas, o tempo e alguns poucos indivíduos dotados da capacidade de aceitar novas teorias os trouxe para discussão na sociedade, e foram no decorrer do tempo aceitos como válidos, quando antes, haviam sido negados sem qualquer exame mais detalhado. 


Vejam o risco que corremos, pois, em razão das crenças e conceitos engessados da sociedade estiveram próximos de serem abandonados.
Cito um exemplo, que é de conhecimento de todos. Quando foi tornado público que a terra era redonda, naquela ocasião, houve imediata rejeição a esta teoria. Porém, todos sabem que esta teoria trazida ao domínio público, desde há muito tempo passou a ser  compreendida como uma verdade irrefutável como nós mesmos o sabemos.


Chico Xavier, Buda, Sai Baba e outras tantas personalidades somente chegaram no estágio que conhecemos por exatamente se permitirem estar abertos a novos conceitos, analisá-los e aperfeiçoá-los.
Nós todos não somos diferentes deles em nada, creiam, somos filhos da mesma fonte que os gerou, portanto, capazes de alcançar o mesmo estágio que eles alcançaram, mas, sei, imediatamente passou por suas mentes a seguinte frase.
“Para com isto Roberto, olha só quem são eles e quem sou eu.”


Pois bem, pensamentos como estes, certamente os manterão no estado em que se encontrão, ou seja,  parados em suas evoluções pessoais.
É fundamental o questionamento de tudo, mesmo conceitos que julguem verdades absolutas.
Entendam definitivamente, não existem verdades absolutas a exceção do Amor, todas as demais são transitórias e sujeitas a renovação e aperfeiçoamento.
Se você não sabia, lhe digo.
- Você é um CONCEITO.


E conceitos estão sujeitos a serem aperfeiçoados e enriquecidos, mas, nada acontece por acaso. Ficar esperando ou ainda estar conectada aquela “lei” que diz: “Tudo tem o seu tempo” não o transformará em um ser melhor e mais próximo da razão da vida, que é a aceitação do Amor no coração, na consciência e nas atitudes de cada um de nós.
Examine suas crenças, seus padrões, todos os seus conceitos, valide-os ou negue-os substituindo por outros mais elaborados como consequência de um processo interno de análise sobre os mesmos.
Mas, cuidado com a preguiça, com o protecionismo, com o ego, com o medo de se olhar como realmente você é.


Depois do Amor, a segunda maior qualidade humana em minha opinião é a capacidade que temos de criar MUDANAÇAS.
Mude, crie um novo conceito sobre você, ninguém pode dizer que “eu estou satisfeito como eu sou”, por melhor que seja a sua relação consigo mesmo, pois, ao afirmar esta sentença você esta entendendo que o mais longe e melhor que você pode chegar, é onde você esta AGORA.
E entendendo assim, haverá de permanecer onde você esta, PARADO.


Roberto Velasco.

A PRÓPRIA VIDA



Não sei de onde venho, mas também não sei para onde vou. E francamente, que me importa isto?
Saber... Prender-me a uma origem, a uma direção, a um propósito, ficar ligado a uma história que não me permita me perder, por quê? Para que?
Sim, desejo me perder de qualquer natureza, rumo premeditado, planejado ou arquitetado pelo universo, ou seja, lá por quem quer que seja.
Admito o caminho errante, aquele que me perco e me encontro, aquele que subo e desço, que me expando e me contraio, que paro e me movo, que chego ou que parto, sem tempo ou clima, sem medo ou coragem, apenas o caminho para o qual o vento me levar, ou não.


Admito querer experimentar a mesma sensação de uma folha caída de uma arvore, cujo sentido de seu paradeiro não lhe pertence, e não pertence a condição alguma.
Desejo mais ainda, desejo deixar-me levar ora pelos ventos, ora pelas águas, outras vezes, simplesmente parar e ser apenas parte imóvel do cenário, compor a vida, sem influenciar ou pertencer a vida.
Ser igualmente delicado, frágil e vívido o quanto são os sonhos de uma criança, que vê ao longe no horizonte o nada e o tudo em divina comunhão, sem estabelecer qualidades, cores ou sons que separem a vida da própria vida.
Quero ousar de vez em sempre, sem jamais me permitir olhar para trás e ver as partes de mim que lá ficaram, e ao mesmo tempo, saber que no agora sou mais inteiro do que pudera ter sido em qualquer outro momento.


Tomo o rumo da vida sem ter direção, sem desejar a própria vida, mas apenas permitindo que ela coexista em mim. Que me invada sem pedir licença para chegar ou partir, sem ser notada ou cobrada.
Vejo-me em sombras e tomado pelas luzes, vejo-me forte e fraco, vejo-me insensível e terno, mas, se não me vejo, falta não sinto em me ver.
Sei que a natureza que me constituiu já não mais existe em mim, por que já não sou mais quem fui, e nem sei o que poderei ser, se é que agora sou o que sou.
Vago como um nômade sem trilhas, sem perfis definidos que possam atribuir-me um conceito, sequer fisionomia há que possa me identificar. Minhas ações se perderam no pó que me lava o corpo, a alma e o caminho, sem deixar marcas ou registros que possam conduzir a mim mesmo.
O que sei não é o próprio saber, pois, logo a seguir, desconheço o que há pouco sabia, sem, contudo, ter desejado ou ambicionado possuir o saber.


Minha irreverência me denúncia como a um réu diante de corte suprema, mas, que em nada afeta o que sou, pois, já não sou mais o que fui. Alegro-me pelo que passarei a ser, mesmo sabendo que será transitório e que ao me aperceber, já sou o imprevisível se manifestando, sem contornos ou identidade, em verdade, me reconheço no desconhecido.
Sou como a chuva que cai sem escolher onde cair, que percorre a terra a umedecê-la. Trazendo a vida em cada molécula da qual é constituída, sem estabelecer juízo do que deve ser abastecido e renovado, mas, que mesmo assim, se entrega a esta tarefa em total comprometimento com a sua natureza, reconhecendo que a vida é sábia em seu existir e em seus processos.


O universo inteiro cabe dentro de mim, e eu não caibo dentro dele, talvez, esta seja a minha maior contradição com a vida. Por esta razão, sigo, sem medir meus passos, sem sequer reconhecer as pegadas que deixei para trás, porque elas não me pertenciam. Eu sabia que a cada passo que meus pés deixavam suas marcas na terra, já não eram mais meus. Assim como o próprio ar que sustenta a vida que há em mim, após cada respiração, ele deixou de ser meu, e haverá de sustentar outra vida que não mais a minha.
Tangencio os limites do possuir sem possuir, do ser sem ser, do viver sem viver, na certeza insondável de que a vida se constitui dela própria, sem definições, classificações ou destinos que a caracterizem. Ela pode ser o abstrato e o concreto, o som, o eco e o inaudível, a forma sem forma, a névoa e a nitidez, a luz e o breu, o sorriso e a lágrima, a cor e a lividez.
Ou nada disto!


Quem já viveu acreditando ter sido refém ou algoz da vida, em verdade não viveu, apenas transitou sem vida pela própria vida.
Pois a vida, é sem ser, sem querer ser, apenas sendo o que nunca deixou de ser e o que jamais será. Poucos podem entender a vida como ela é, porque poucos são os desapegados da vida. Muitos acreditam possuir ou serem possuídos pela vida, mas, para viver a vida, não precisamos olhar para ela, não há porque saber que ela existe.
Para viver a vida apenas abandone-se, da e na vida, e, em e de si mesmo, e somente neste instante, você estará na vida sem ao mesmo tempo estar.
Esta é a nossa maior lição, viver sem desejar viver, viver por ser a própria vida, sem ao mesmo tempo sê-lo.
Ter em mente que a vida é um intrigante e constante pleonasmo e simultaneamente uma perfeita antítese, que é o somatório enumerável dos iguais e uma explicita harmoniosa, e constante contradição dos opostos, que nos suaviza e traz a leveza da vida para a vida.


Eu sempre fui sem jamais ter sido a própria vida, e por esta razão, estou aqui sem nunca ter estado aqui, apenas fluo em mim, no nada, no tudo e pela própria vida, como a vida que há dentro e fora de mim.


Roberto Velasco.

sábado, 26 de julho de 2014

PERDOE-ME


Queria ter um amor.
Como aquele que invejamos.
Entre a lua e as estrelas.
Um amor sereno e intocável.
Feito de brilho e contemplação.
Consagrado por um véu imaculado.


Queria amar como os deuses amam.
Na totalidade e para sempre.
Como a perfeição devotada na criação.
Protegido pelos santos e arcanjos.
Reconhecido apenas nas esferas da alma.
Livre como um cometa que rasga a negritude do universo.


Queria viver um amor.
Incomensuravelmente desmedido.
Feito de lagrimas e poesia.
Contado em versos mal acabados.
Desconexos e surreais.
Feito a fogo e sensualidade.


Mas, miseravelmente tenho pouco a te dar.
De mim terás apenas ternura e cumplicidade.
Afago, risos, caricias e verdades.
Ouvir-te-ei e revelar-te-ei em toda a tua intimidade.
Serei romance, zelo e paixão.
Perdoe-me pelo pouco que tenho a te dar, de mim terás apenas, amor e amor...



Roberto Velasco

quinta-feira, 24 de julho de 2014

SABER DE TI


Saber de ti.
Saber de tuas manhas.
De teus desejos e de teus sabores.
De teus aromas e de teus relevos.
Como olhar sem ousar desejar-te.
Conhecer-te tão somente por tuas falas.
Pelo brilho de teus oilhos.
Expressaria uma tênue compreensão do que és.
Não, aspiro mais, quero conhecer-te.
Como o rio que abraça a mata.
Respeitando a todas as curvas em seu leito.
Quero em ti ser a semente que gera a vida.
O sol que te aquece.
A vida que se recria.
Teu passado que se perca no próprio passado.
Não me contes de teus amores.
Apague de teu coração as lagrimas que derramaste.
Quero-a alegre como os anjos.
Pura como as aguas em suas nascentes.
Quero que te reveles santa e profana.
A dama que a sociedade anseia comtemplar.
E na alcova de nossas noites.
Mostre-se a mulher em seu esplendor.
Movida por paixão e desejos.
Que somente o amor pode revelar.
Quero saber do gosto de teus beijos.
Da textura de tua rosada pele.
Do calor de teu sexo.
Quero mais, quero saber de ti.
Como és além do que teu corpo e tua personalidade denunciam.
Quero revelar-te em teu coração e em tua alma.
No amago de teu ser.
Encontrar a mulher que resume.
A mais perfeita e delicada obra do criador.

Contida no coração que pulsa em teu peito.
Por isso que hoje eu vim até aqui.
Para saber de ti...



Roberto Velasco.