Agora que tomamos contato com
algumas considerações geradas em nosso último conteúdo, podemos seguir adiante
com nossa proposta, com nossa determinação em trazer compreensões não tão
frequentemente presente na mente e no cotidiano do ser humano.
A partir deste ponto é necessário
compreender que tudo o que venha a ser aqui exposto poderá e deverá agredir a
muitos, naquilo que estes construíram como pensamentos, sentimentos, emoções e
comportamentos em suas vidas, pois, muitas narrativas foram contadas, registradas
e aceitas por nossa consciência ao longo de muitos milênios.
É postura comum ao ser humano
adotar sem grandes questionamentos a validade dos padrões e crenças nas quais
ele esta envolvido. Nascemos, crescemos e simplesmente ao longo de nosso desenvolvimento
vamos agregando conceitos, leis, informações sem que tenhamos o cuidado de nos
ocuparmos em validá-las ou rejeitá-las. De certa forma, apenas os assimilamos,
como por exemplo, normalmente
é o que fazemos com os alimentos dos quais nos servimos em nossa alimentação
diária.
Ingerimos alimentos e líquidos sem
a devida preocupação com a qualidade daquilo que estamos agregando ao nosso
organismo, consequentemente os efeitos por este descuido e desregramento
alimentar se manifesta nas moléstias e mal-estar que somos acometidos em decorrência de
nossa irresponsabilidade.
Se o acima descrito é uma verdade
que se manifesta em nosso aparelho orgânico, o que dizer em relação aos nossos
aparelhos mental e emocional, certamente é mais triste ainda o estado de
descaso que desenvolvemos em relação a estes. O homem atual esta tão
incorporado pela mente coletiva que não percebe que em muitos momentos seus
pensamentos e emoções são produzidos e determinados fora dele, empobrecendo
desta maneira a sua capacidade pessoal de gerir a si mesmo.
Já afirmei em outros textos que o
ser humano possui em minha opinião duas qualidades fundamentais, a primeira, a
grande capacidade de Amar, e a segunda, a capacidade não inferior a primeira,
que é a capacidade de pensar.
Se nos dirigirmos ao dicionário
veremos que encontramos muitas definições para a palavra capacidade, mas, vou
centrar-me naquela que diz: “Capacidade
é a qualidade de quem é apto a fazer determinada coisa, a compreendê-la;
competência. Sin.: aptidão, faculdade, habilidade; inteligência, talento,
valor.”¹
A definição exposta sugere em
outras palavras a identificação de um determinado dom, no caso, o dom de Amar e
de Pensar. Mas um dom pode ser desenvolvido e utilizado ou simplesmente, fazer
parte, mas não ter uso.
Esta ultima compreensão me parece
aquela que mais vibre no ser humano em nossos dias, ou seja, ele tem o dom de
amar e pensar, mas não se utiliza deles. Com certeza deve haver algo e alguém
que interfira na utilização destes dons, mas porque isto acontece? E a quem
interessa a atrofia destas capacidades?
Estas questões e outras começam
agora a serem dissecadas. Mas volto a apelar aqueles que se sentem engessados
por conceitos tradicionais que se permitam abandoná-los por alguns instantes e
viabilizem tomar contato com uma maneira diferente de pensar, ausente dos
padrões e das crenças que possam povoar sua mente.
AS QUESRÕES
Vamos começar por uma pergunta
básica.
O que é a Vida?
Não podemos encontrar em uma única
assertiva a completa definição do que possa ser a vida. Seria inocência e ao
mesmo tempo presunção tentarmos simplificar algo que extrapola inclusive a
mente mais privilegiada, pois até esta, haverá de gerar compreensões dentro dos
limites de sua faculdade cognitiva.
No entanto, vamos desenvolver
alguns pensamentos e percepções que podem contribuir para que geremos novos
conceitos sobre a vida.
Tenho assistido a muitas pessoas
falarem com frequência, “temos que aproveitar a vida, fazer festas, viajar,
conhecer pessoas, lugares, beber, namorar, fazer sexo, destacar-se na
sociedade...”.
Bem, parece-me que estas
compreensões passaram a fazer parte do censo comum, e aqueles que não se movem
por estas e outras diretrizes são considerados caretas ou alienados.
Paro para pensar (...), e descubro
então que sou careta ou alienado (ou os dois juntos, risos), pois a vida para
mim esta muito distante de se concentrar nestas condutas, elas, são em meu
entendimento um complemento na vida e não a base na vida, assim sendo posso
dizer sem medo de errar que é na realidade a moldura do quadro, do cenário que
realmente contem a vida. Reconheço as experiências nelas contidas, mas existe
algo mais do que isso.
Muitos podem se perguntar:
O que é a vida então para você?
Ah! A vida, é a expressão do infinito no
finito, é a incompreensão, a dúvida, a convicção, o movimento, a renovação, é
olhar para o céu e ter a certeza de que a terra para todos nós é apenas mais
uma estação, um estágio, um instante em um caminho por entre as estrelas.
Mas este caminho é percorrido e
criado exclusivamente por cada um de nós, em busca não da ascensão, como muitos
erradamente pensam, mas sim, um caminho na busca de nossa Liberdade como
consciência, como um fragmento de nosso Eu Superior. Somos almas que vivemos em
coletividade, mas que possuímos propostas exclusivas onde a lapidação de nossa
consciência assegurar-nos-á o direito de alcançarmos níveis mais perfeitos na
expressão denominada por nós de Amor.
Mas este caminho é incrivelmente
longo e composto de infinitas possibilidades, hoje, encontramo-nos aqui na
terra, amanhã, é absolutamente incerto o nosso paradeiro, a única certeza com a
qual eu posso contar é o direito inato em cada um de nós de seguir adiante,
portanto, o que vivemos na terra é da natureza da terra, é da natureza desta
estação na qual nos encontramos agora e daqui a pouco ficará para trás quando
conseguirmos nos mover em direção à próxima estação.
Nada do que aqui existe é nosso,
tudo que aqui nos cerca faz parte desta experiência e aqui ficará quando
partirmos. Mas é necessário que se entenda que o partir ao qual faço alusão não
se refere à morte. A morte é uma amarga ilusão na qual estamos ainda presos.
Quando falo partir, reporto-me a condição obtida em decorrência do sucesso
alcançado diante das lições que esta estação nos proporcionou e o consequente
aprendizado nela obtido, este é o partir, e esta é a vida, a imensurável
capacidade e possibilidades que a imortalidade de nossos espíritos nos
proporciona.
A vida, é amar, é correr, é odiar,
é ser recluso de si mesmo nas limitações que nossa personalidade nos impõe.
Quando odiamos alguém ou a algo, na realidade estamos aprendendo a valorizar o
amor, reconhecer o valor que o amor tem e o quanto ele faz falta em nossas
vidas. Quando temos carências financeiras, manifestamos limitação e escassez,
mas em realidade, estamos aprendendo a valorizar a abundância, o ilimitado.
Se estivermos a amar, em realidade
estamos aprendendo que a vida pode ser eternamente vivida na comunhão, na graça
e no desejar o bem a todos a nossa volta.
A vida é uma eterna lição, não se
restringe por nada, não se torna pequena diante das limitações, das injustiças
que nossos olhos percebem. Ela é o silêncio na supressão da voz que se cala
diante da dor, mas também é o estrondoso ruído que a alegria promove nos
corações.
A vida é o inquietante e
incompreendido desejo de retornar ao lar, mesmo sem saber onde e qual é este
lar, é saber que dentro de nosso corpo vive o amor em cada uma de nossas
células, em cada secreção por nós produzida.
Reconhecer a vida fora de nós
talvez seja o nosso maior exercício, esta vida a qual me refiro esta vibrante
em seu animal de estimação, na pequena orquídea que você tem sobre a sua mesa.
No próprio móvel de madeira que adorna a sua sala, sim, nele também há vida. A
pedra que usamos nos
alicerces de nosso lares contém vida e merece o mesmo amor que nos é dispensado
pela Fonte-Deus. O Extraterrestre que você não admite a existência também tem
direito a vida.
A vida não tem aparência, cheiro,
forma, cor, e ao mesmo tempo tem tudo isto, então porque perdemos tempo em não
viver?
Então!
O que poderia ser viver senão a
eterna capacidade de coexistir com tudo e todos onde a vida pulsa como
expressão da mais nobre energia que habita e se irradia da Fonte, sem
estabelecer distinções ou privilégios.
Nosso caminho nada mais é do que o
reconhecimento através do aprendizado e do enriquecimento de nossa consciência
daquilo que é Deus, cada estação pela qual estamos a passar traz-nos um
pedacinho ínfimo do que seja a expressão, a presença Deus em nós, no outro e no universo.
Quando tivermos passado por todas as estações, quando tivermos alcançado a
Liberdade, estaremos diante da face de Deus e a ele nos incorporaremos em um
estado de êxtase inenarrável.
Portanto, ao estar próximo de
concluir este nosso momento deixo-vos com uma inquietante divagação.
Quando criamos resistências,
abandonos, quando negamos a nós mesmos e ao outro, quando nos comportamos de
maneira irresponsável diante da vida, estamos deixando de conhecer um pedacinho
de Deus em nós, no outro e em tudo a nossa volta.
Quando gerarmos, assimilarmos e
incorporarmos esta compreensão em nós reconhecer-se-á a vida naquilo que ela
realmente é, e não apenas uma parte fracionada do que seja viver.
Ainda somos sombra e luz, amor e
ódio, unidade e dualidade porque a dificuldade em aprendemos que a vida é tudo
isto, lutamos muitos anos de nossas existências para decidir em que lado
haveremos de ficar, mas não é uma questão de optarmos por um lado, mas sim
perceber que nestas polaridades encontramos as lições que nos conduzirão ao
sucesso de mais uma estação ultrapassada para chegarmos a presença de Deus.
A vida é muito mais do que isto,
mas isto também é parte da vida.
Até o nosso próximo encontro.
¹ -
http://www.dicio.com.br/capacidade/
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