Quando éramos
crianças gostávamos de ouvir historias contadas por nossos pais ou avós para
dormirmos, muitos de nós inclusive não dormíamos sem ouvi-las.
Mas o tempo passou e
nos tornamos adultos pela evolução normal na qual todo o ser humano experimenta
em seu crescimento físico, mental e emocional.
Mas o hábito
adquirido na infância de ouvirmos histórias parece que resiste em nos abandonar
ou nós mesmos resistimos em abandoná-lo.
Somos inundados por
tantas histórias que carregamos desde aquele tempo infantil e tantas outras que
fomos adquirindo ao longo de nosso crescimento, mas quando foi que paramos para
pensar sobre estas historias?
Quando paramos para
pensar na veracidade ou coerência daquilo que nos era contado e que tornamos
como verdades sem nos preocuparmos em questioná-las?
Hoje quando decidimos
(para alguns poucos) tornar nossa consciência mais afinada com a fase adulta
que nos encontramos, ou ainda, quando decidimos (para pouquíssimos) mais
comprometidamente gerarmos uma consciência mais equilibrada e sintonizada com a
evolução espiritual buscando o aprimoramento e o aperfeiçoamento de nosso ser
observando-o não somente como a personalidade que transita por esta realidade
dimensional, mas sim, observá-lo como um todo complexo e único dotado de uma
condição que expresse de maneira clara e absoluta o envolvimento natural
e inerente a nossa existência como filhos da Fonte Primordial que é Amor e Luz.
Em minha opinião
temos que necessariamente e diria até imperiosamente decidir se manteremo-nos
através do estado comum de consciência ou haveremos de buscar a identidade
daquilo que realmente somos (ou pelo menos pensamos que somos), seres dotados
de uma capacidade criadora, de uma imortalidade e gerados a imagem e semelhança
da Fonte de tudo o que É.
Desde o princípio dos
tempos o homem viveu cercado das tais histórias, muitas eram apenas lendas
ausentes de veracidade e comprometidas basicamente com o grau evolutivo da
época em que a mesma fora gerada.
Acredito que o Mito
da Caverna do filósofo Platão é um grande exemplo do quanto somos moldados por
crenças e histórias desprovidas de veracidade, mas que se tornam leis, pois são
trazidas ao nosso conhecimento e incorporadas sem que nos permitamos refletir
sobre a mensagem nela contida.
Apenas incorporamos
esta mensagem, validamos e muitas vezes nos movemos direcionados pela mesma
permitindo que sua influência exerça em nossas vidas conseqüências que cerceiam
nossa liberdade de manifestação tornando-nos limitados e dependentes
levando-nos a percorrer a contramão na estrada da vida e consequentemente a da
nossa evolução.
Para seguirmos deste
ponto temos que necessariamente fazer aqui uma distinção para facilitar nosso
entendimento e preparamo-nos para os demais artigos.
Esta distinção
remete-nos a gerar compreensão sobre o que seja Real, Realidade e o que é
Verdade.
Neste sentido
sirvo-me de conceitos que acredito possam trazer umas descrições mais
elaboradas e dotadas de conceitos filosóficos, os quais sempre são muito
bem-vindos a consciência humana.
REAL E REALIDADE
REAL OU REALIDADE?(1)
O problema entre o REAL e a REALIDADE; é que, apesar de, em princípio,
parecerem a mesma coisa; são coisas totalmente distintas; pois toda a REALIDADE
é REAL; mas, nem todo o REAL faz parte da REALIDADE.
Para entendermos isso, é necessário falar um pouco sobre o significado de REAL
e de como a mente humana apreende o CONCRETO, formando a REALIDADE e o
conhecimento.
Antes de explicar; no entanto; faz-se necessário uma CONVENÇÃO. Gostaria de
convencionar que a palavra CONCRETO, nesse artigo, irá significar a parte do
REAL que existe fora da mente humana e que concerne aos objetos concretos; e
que REAL significa TUDO O QUE EXISTE; sendo CONCRETO ou NÃO; independente de
existir DENTRO ou FORA da MENTE HUMANA. Dessa forma, o REAL abrange o que
existe DENTRO e FORA da MENTE HUMANA.
Assim, uma CADEIRA é CONCRETO e REAL (Existe); enquanto a BONDADE, apesar de
não ser CONCRETO, é REAL por que EXISTE na MENTE HUMANA..
Isso convencionado; imaginemos agora um objeto concreto; de existência externa
ao Homem e um homem observando esse objeto. Ao observar um objeto concreto, a
mente, através dos sentidos, capta a imagem e as sensações obtidas por esse
objeto, formando uma imagem do mesmo.
Depois desse processo de "imaginação", no qual o cérebro forma uma
imagem do concreto captado pelos sentidos, à imagem desse mesmo objeto é
incorporado todas as sensações que se tem dele (Cheiro, cor, se houve contato
com o tato a sensação de textura, dureza, etc...); formando assim uma imagem
tridimensional sinestésica do objeto.
No passo seguinte, a mente adiciona idéias de valor à essa imagem; incorporando
ao modelo tridimensional sinestésico essa idéia de valor.
À esse modelo, tridimensional sinestésico, acrescido da idéia de valor,
chamaremos de MODELO MENTAL. Esse processo, perdura por toda a existência do
homem, que passa a formar um conjunto de modelos mentais; que chamamos de
REALIDADE; (A SOMA de todos os modelos mentais de um ser humano).
Assim, REALIDADE é o conjunto de todos os modelos mentais tridimensionais
sinestésicos (Com todas as sensações dos sentidos agrupados nele); acrescidos
dos valores advindos do grupo cultural em que o indivíduo está inserido.
Note que, o Homem não se relaciona com o CONCRETO; mas com a sua própria
REALIDADE.
Fisicamente, por
exemplo, uma cruz não passa de dois pedaços de pau colocados em forma de “t”;
no entanto, a imagem sinestésica desses dois pedaços de pau, acrescidos de
valores advindos da cristandade, dá outro significado a esses mesmos pedaços de
pau; formando uma nova REALIDADE. Assim, o homem, se relaciona com a sua
própria REALIDADE; criada por ele mesmo, e não com o CONCRETO; inserindo novos
elementos no REAL.
Além de se relacionar com a sua própria REALIDADE, formada em parte pelos
modelos mentais advindas do CONCRETO; o Homem ainda povoa a sua REALIDADE com
outros modelos criados a partir de seu imaginário, que, tomam forma e força,
passando a ter existência na REALIDADE humana com a mesma força do que os
outros modelos advindos do concreto. Nessa categoria estão instituições como a
DEMOCRACIA; que, apesar de não ter origem no concreto, faz parte da REALIDADE
humana; tendo tanta força como os modelos vindos da observação do concreto.
Dessa feita; as instituições, e todas as outras coisas que não existem no
concreto, através do Homem; se corporificando na REALIDADE, passam a ter
existência no REAL.
Agora, vale a pena uma pausa para entendimento. Uma ILUSÃO é REAL; pois uma
ILUSÃO EXISTE. Ela existe não como OBJETO CONCRETO; mas como ILUSÃO. Assim, uma
ILUSÃO é REAL enquanto ILUSÃO; na CATEGORIA de ILUSÃO. Assim, o mesmo se dá com
as INSTITUIÇÕES, que são REAIS enquanto INSTITUIÇÕES.
Entendido tudo isso; entende-se que toda a REALIDADE faz parte do REAL; mas nem
tudo que é REAL faz parte da REALIDADE; pois a REALIDADE é HUMANA; depende do
homem; sendo o REAL transcendente ao HUMANO; contendo toda a nossa REALIDADE
mais tudo o que é REAL e que não faz parte dessa mesma REALIDADE (Que é
desconhecido ao Homem).
Isso posto, entendemos o porquê do Homem estar imerso em tanta confusão; pois
além de confundir REALIDADE com CONCRETO, confunde esta (Realidade) com REAL; e
não conhecendo esse mesmo REAL, confundindo as categorias que nele existe,
tenta forçar a HUMANIDADE a adotar a sua própria REALIDADE como se REAL fosse.
VERDADE (2)
Para definir verdade
utilizarei a definição mais simplificada de Nietzsche que afirma, “A verdade
é um ponto de vista.” Ele não define nem aceita definição da verdade, porque
não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do
oposto da mentira. Daí seu texto "Como filosofar com o martelo.”
CONCLUINDO
Diante dos conceitos
acima enunciados podemos então entender que:
O Real independe da
compreensão, conhecimento ou aceitação do homem, ele simplesmente existe, mas o
homem ao criar a sua Realidade passa a torná-la Real, porque ela passa a
existir para ele.
A Realidade é
composta por todas as percepções que o humano gera conhecendo, compreendendo e
aceitando.
A Verdade é
totalmente particular e expressa observações totalmente individualizadas
descomprometidas do censo comum. É constituída das crenças adquiridas e criadas
pelo individuo.
Feita estas
distinções podemos seguir a frente.
Ao longo da história
da humanidade muita informação foi criada com a intenção de iludir, manipular e
controlar esta mesma humanidade, pois o homem sempre esteve voltado a exercer o
Poder sobre o próprio homem, e mais, estivemos e ainda estamos sofrendo a
influência de consciências extraterrestres que influenciaram e ainda
influenciam os rumos de nossa civilização em maior ou menor escala dependendo
da época observada.
A consciência de
massa também exerce forte influência no comportamento do individuo na medida em
que grupos e organizações cada vez mais se especializam em gerar serviços e
produtos que tornam a vida moldada pela obtenção das facilidades
encontradas nesta nova sociedade voltada de maneira obcecada pelo consumo
desenfreado e irresponsável que substitui padrões morais, éticos e culturais.
Estes desregramentos
geram aculturamento e imoralidade produzindo verdadeiros abismos nas classes
sociais e ruptura no seio familiar, núcleo da sociedade, pois o individuo
move-se exclusivamente na direção do “possuir” perdendo a noção de si mesmo e
encarando ao outro como um concorrente em potencial na obtenção destes bens,
serviços e o consequente status que estes lhe concedem.
Portando-se desta
maneira fica evidente o porquê da grande dificuldade que o homem possui em si
mesmo de questionar a sua realidade, entender do que ela e composta e como ela
e formulada, pois seus padrões e crenças adotadas são disciplinadamente
obedecidos e incorporados como leis sagradas, e dentro desta compreensão, tudo
o que é sagrado é inquestionável, definitivo, absoluto.
Tomando esta
compreensão como um aspecto comum na vida da humanidade fica mais fácil
entender porque o homem resistiu e resiste em aceitar novas compreensões,
informações e conhecimentos quando estes se posicionam contrário a tudo aquilo
que é aceito por este mesmo homem.
Mas uma pergunta
neste ponto se impõe:
A quem e ao que esta
inconsciência serve?
Nos próximos artigos
passaremos a desenvolver idéias e trazer discussões sob percepções já
conhecidas, mas que ainda se utilizam de maquiagens para iludir ou calar a voz
do individuo.
Outras idéias,
certamente haverão de produzir muita contrariedade, negação e até revolta em
algumas pessoas ainda presas ao “não questionar” as leis e ao sagrado, mas
começa aqui uma proposta irreversível na qual haverei de me mover seguro de que
esta experiência é fundamental ao meu aprendizado e o consequente burilamento
de minha consciência.
Esta viagem começa
agora, aqueles que se sentirem encorajados, não limitados e desejarem
reconhecer o Real abandonando e libertando-se da Matrix que os aprisiona
sintam-se a vontade para embarcar nesta nave.
Mas saibam: não lhes
prometo verdades, pois não as possuo; não lhes prometo segurança, pois cada um
desenvolve a sua; também não lhes informo o destino, pois o caminho e a
experiência são individuais e cada um construirá o seu ponto de chegada; não
lhes prometo dias fáceis, pois certamente serão difíceis e turbulentos; saibam
também, que não lhes prometo dias de paz, pois serão extremamente inquietantes.
Mas, prometo-lhes tão
somente a coragem, a lealdade, a humildade e um espírito que jamais aceita a
ultima resposta como definitiva.
Aqueles que
conseguirem chegar ao seu destino, asseguro-lhes que lá encontrarão a
Liberdade, a Independência, a verdadeira Unidade, o Real, a Totalidade, a
plenitude de Consciência, o reencontro com a sua Divindade e finalmente,
estarão diante, junto, integrados a FONTE PRIMORDIAL que é Amor e Luz.
Sejam Bem-Vindos.
Namastê.
Por: João H. L. Ferreira
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