Quando o infinito em mim ecoa
em noite escura, volto-me para dentro de meus pesares. Mergulho em noite de luz
negra, onde o breu de minhas inquietações se expressa por marcas cunhadas em
inquietante alma.
Não distingo qual silencio é
mais profundo, aquele que assola meu eu, ou o que me envolve por longos braços
e me sustenta nesta atmosfera hostil e penosa.
Torno audível meu pranto,
esquecido de si mesmo e mergulhado em torrentes de pesares e inquietações.
Vasculho a minha volta em
busca de tênue luz, onde possa intuir horas mais leves a moverem o relógio da
vida, que logo se esvai, por frágil esperança resgatada por breves instantes.
Olhos cerrados, peito diluído
pelas dores da vida que semearam o vazio que h0je habita minhas entranhas,
dilaceradas pelas circunstâncias pueris, de um mundo fantasioso, e maculado,
pela perda da inocência.
Inocência esta que um dia
germinava em solo fértil, mas, que as ditas horas carregadas das más virtudes
humanas ousaram finalizar.
Agora, me vejo em solo árido
e gélido, desprovido do calor do amor, que no passado gerará morada em corações
virtuosos.
Sim, aqui estou em busca não
tão somente de mim mesmo, mas, sedento de expectativas me movo neste breu que
me devasta, em busca de alma humana, que possa aquecer minh’alma debilmente
carente de encanto e esperança pela vida, que seja vivida, que seja exuberante
em suas virtudes.
Ah! Tempos enxovalhados pelos
ventos do orgulho e poções que se infiltraram e dominam as mentes e corações
desatentos de irmãos de carne, natureza e essência.
Em vales de lamacentos
instintos e desejos humanos, prostraram-se tantos quantos eu, iludidos pelas
vertentes que a cobiça de um ego silente e sagaz gerou em teias tramadas em
noites e dias de ausência de sã consciência.
Vasculho meu corpo e apenas
vislumbro frágeis ossos, que me sustentam por estes horizontes de escuridão.
Ainda reside em mim saudosa lembrança de dias alegres, verdadeiros e simples
como a vida, em sua natureza mais nobre.
Reconheço meus erros, e por
eles, me encontro em divida com aquele que me gerou, que fertilizou a vida
ainda semente em minh’alma.
Em prantos e carregado pela
urgência de efêmeros instantes, onde inesperadamente a consciência deste pecador
sobe a superfície de meu eu, ergo meus olhos lacrimosos para o alto, e com
esforço herculano levanto meus braços aos céus, e em meus últimos suspiros,
rogo a Deus seu perdão.
Reconheço cada crime que
cometi contra a vida em mim e no outro. Resigno-me pela insuportável dor que
experimento em dilacerado corpo, e suplico que as graças da divindade possam
chegar até este errante ser, e que me seja concedida nova oportunidade em vida
construída em novas paragens.
Ainda de joelhos, porquanto
meu corpo se sustenta, oro entre soluços que sobressaltam meu tremulo vulto, gero
neste momento apelos onde as tristezas e as dores em minh’alma se revelam sem
mascaras ou mentiras. Lagrimas já não as possuo mais, restam-me poucas gotas de
sangue, das quais me valho neste derradeiro momento, e umas a uma escorrem por
minha aterrorizada face, diante de tamanha inquietude humana.
E em definitivo sopro de vida
que ainda emana de mim, encontro rara lucidez ao balbuciar em tremula voz...
Deus, eu te amo... Eu te
amo...
Esvaído de forças, deixo meu mortiço corpo cair ao solo,
e antes de fechar meus olhos pela última vez, sinto-me ser tomado por uma luz e
um doce calor que me acalmam, me acalm...
...
...
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