segunda-feira, 25 de agosto de 2014

AS DORES DE UM HUMANO





Quando o infinito em mim ecoa em noite escura, volto-me para dentro de meus pesares. Mergulho em noite de luz negra, onde o breu de minhas inquietações se expressa por marcas cunhadas em inquietante alma.
Não distingo qual silencio é mais profundo, aquele que assola meu eu, ou o que me envolve por longos braços e me sustenta nesta atmosfera hostil e penosa.
Torno audível meu pranto, esquecido de si mesmo e mergulhado em torrentes de pesares e inquietações.



Vasculho a minha volta em busca de tênue luz, onde possa intuir horas mais leves a moverem o relógio da vida, que logo se esvai, por frágil esperança resgatada por breves instantes.
Olhos cerrados, peito diluído pelas dores da vida que semearam o vazio que h0je habita minhas entranhas, dilaceradas pelas circunstâncias pueris, de um mundo fantasioso, e maculado, pela perda da inocência.
Inocência esta que um dia germinava em solo fértil, mas, que as ditas horas carregadas das más virtudes humanas ousaram finalizar.  
Agora, me vejo em solo árido e gélido, desprovido do calor do amor, que no passado gerará morada em corações virtuosos.



Sim, aqui estou em busca não tão somente de mim mesmo, mas, sedento de expectativas me movo neste breu que me devasta, em busca de alma humana, que possa aquecer minh’alma debilmente carente de encanto e esperança pela vida, que seja vivida, que seja exuberante em suas virtudes.
Ah! Tempos enxovalhados pelos ventos do orgulho e poções que se infiltraram e dominam as mentes e corações desatentos de irmãos de carne, natureza e essência.
Em vales de lamacentos instintos e desejos humanos, prostraram-se tantos quantos eu, iludidos pelas vertentes que a cobiça de um ego silente e sagaz gerou em teias tramadas em noites e dias de ausência de sã consciência.
Vasculho meu corpo e apenas vislumbro frágeis ossos, que me sustentam por estes horizontes de escuridão. Ainda reside em mim saudosa lembrança de dias alegres, verdadeiros e simples como a vida, em sua natureza mais nobre.



Reconheço meus erros, e por eles, me encontro em divida com aquele que me gerou, que fertilizou a vida ainda semente em minh’alma.
Em prantos e carregado pela urgência de efêmeros instantes, onde inesperadamente a consciência deste pecador sobe a superfície de meu eu, ergo meus olhos lacrimosos para o alto, e com esforço herculano levanto meus braços aos céus, e em meus últimos suspiros, rogo a Deus seu perdão.
Reconheço cada crime que cometi contra a vida em mim e no outro. Resigno-me pela insuportável dor que experimento em dilacerado corpo, e suplico que as graças da divindade possam chegar até este errante ser, e que me seja concedida nova oportunidade em vida construída em novas paragens.



Ainda de joelhos, porquanto meu corpo se sustenta, oro entre soluços que sobressaltam meu tremulo vulto, gero neste momento apelos onde as tristezas e as dores em minh’alma se revelam sem mascaras ou mentiras. Lagrimas já não as possuo mais, restam-me poucas gotas de sangue, das quais me valho neste derradeiro momento, e umas a uma escorrem por minha aterrorizada face, diante de tamanha inquietude humana.
E em definitivo sopro de vida que ainda emana de mim, encontro rara lucidez ao balbuciar em tremula voz...



Deus, eu te amo... Eu te amo...
Esvaído de  forças, deixo meu mortiço corpo cair ao solo, e antes de fechar meus olhos pela última vez, sinto-me ser tomado por uma luz e um doce calor que me acalmam, me acalm...
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