(Amorosamente sugiro a
leitura completa do texto).
Amar é uma qualidade em plena
extinção, embora, facilmente seja possível observar a busca frenética na qual
ela é desenvolvida por nossa civilização.
Claramente fica manifestado
aqui, um explícito antagonismo, em razão das minhas primeiras palavras.
Vemos casais estabelecendo
associações maritalmente assentadas em sentimentos que violam e burlam a
essência desta energia.
Em realidade, creio que este
acontecimento ocorra sem a declarada intenção de sua manifestação.
Este me parece muito mais um
processo desencadeado em razão de uma conduta moral e ética desequilibrada,
como consequência, das novas relações sociais com as quais a nossa sociedade
liquida experimenta. Cada vez mais
desenvolvemos em nossa realidade concreta, um processo decrescente em termos de
qualidade e valor dos conceitos humanos.
Em alguns momentos, fico
divagando acerca de uma questão que me leva a hipóteses e teorias ainda
carentes de maior substância em seu desenvolvimento.
A divagação a qual me refiro
se relaciona diretamente com o amor, ou ainda, com a materialização deste amor
nas relações hetero e homossexual.
A divagação é:
“Por que invariavelmente em
uma relação amorosa, a relação sexual é o caminho premeditadamente aguardado
pelos amantes?”
Esta questão me incomoda sob
o ponto de vista espiritual. Pois, a ideia que se cria é a de que se não houver
sexo não há amor.
Não se precipitem em suas
conclusões em relação à enunciação desta questão.
Compreendo obviamente que
vivemos em uma realidade material, e consequentemente, a relação física faz
parte desta esfera de vida. Assim como também entendo, que ao humano, o contato
físico parece ser a forma mais plena de demonstrar o amor.
Contudo, não lhes parece que
a sexualidade se impôs ao amor, na medida em que vemos de maneira clara a
exagerada valorização do prazer físico em uma relação, se sobrepondo este, ao
sentimento que possa ser gerado nesta mesma relação?
Percebo que as pessoas confundem
com muita facilidade “desejo” com “amor”, ou, “carência” com “amor’, ou ainda, “paixão”
com “amor”.
E na ânsia de atender a estas
demandas pessoais, se entregam a relacionamentos desequilibrados e castradores
de uma verdadeira condição amorosa, em favor da satisfação de um prazer físico,
ou, o atendimento a uma exigência emocional ou social.
O homem como espécie,
necessita copular para gerar a vida, mas, a muito tempo perdemos a noção do
valor deste ato e o relegamos a uma secundária condição.
O amor seria a razão para a
geração da vida, mas, possuímos exemplos em larga escala em nossa sociedade do
quanto a vida tem sido gerada, como um acidente em razão de gravidez indesejadas.
Vemos o crescente descuido na prevenção deste acontecimento em relações sexuais
ocasionais e deprimentes.
No reino animal, a copula
acontece basicamente para a geração da vida, raras são as espécies que usam o
sexo como instrumento do prazer como nós
o fazemos.
Neste momento, alguns podem
estar pensando, “mas, nós não somos animais”, francamente, em muitos momentos
seria um desrespeito aos animais estabelecermos esta comparação.
Agimos em muitas ocasiões
como bestas humana, e bem distante de como agem os animais.
Enfim, esta é outra discussão
e não me centrarei nela neste momento.
O que desejo trazer como
reflexão, é exatamente o fato de que a vida moderna deu contornos surreais ao
amor.
Tenho o entendimento de que é
necessário o autoconhecimento e o conhecimento de seu parceiro como forma de
florescer o amor.
Um sentimento não nasce
simplesmente pelo olhar, pela fisionomia ou pelas posses materiais de um dos
parceiros. Também não pode ser o resultado de nossas carências, traumas ou
crenças adquiridas ao longo de nossa existência.
Desenvolver este sentimento
requer mais do que a corrente superficialidade, com a qual as pessoas estão
habituadas a se vincularem.
Igualmente nesta relação,
somente pode haver enriquecimento quando há sintonia, igualdades, respeito, confiança,
empatia, liberdade e admiração recíproca.
Qualquer atmosfera distante
disto identifica-se com aqueles relacionamentos, que vemos repetirem-se ao
longo de vidas e vidas, sem que preencham os vazios do coração e da alma. E
invariavelmente tem nos induzido a erros primários no ato de amar.
Quantas vezes já ouvimos ou
verbalizamos esta frase: “Ele (a) era muito diferente quando o (a) conheci”.
Observação esta, gerada por consequência do momento presente (desequilibrado)
em que se encontra a relaçao.
Quando enunciamos ou ouvimos
esta frase, estamos em realidade, denunciando a precipitação com a qual se
chegou a conclusão de que havia, amor na relação assumida.
Ouço de muitas outras pessoas
a seguinte frase: “Este é o meu jeito de amar”. Desculpem-me os que falam esta
frase, mas, não existem jeitos de amar, existe um único, amar amando.
O que parece óbvio é que
sabemos muito pouco sobre o amor, e se sabemos pouco sobre o amor, igualmente é
óbvio que não sabemos amar.
O amor não tem medidas,
condições, formas, aspectos, ele apenas é. E para se amar uma pessoa e necessário
em primeiro lugar você se amar. Se esta condição não se encontra atendida, não
se iluda, você, não ama a quem pensa estar
amando, pois, o amor começa em nosso interior, ele não vem de fora para dentro.
Outro equivoco que ouço
regularmente, “Ele (a) me completa”. Errado, ninguém completa a alguém, o que
acontece, ou melhor, deveria acontecer, é a pessoa que se relaciona conosco,
contribuir pata que o nosso melhor possa se fazer presente em nós e na relação
que se possui. A presença dele ou dela tem de criar condições para que ambos se
mostrem de uma maneira mais completa, mais
consciente, mais inteira, mais verdadeira e mais amorosa.
O amor em sua forma mais
ampla traz o enriquecimento do ser, e este enriquecimento se manifesta por uma
singularidade tão expressiva, que torna ao amante, um ser capaz de manifestar o
seu eu interior tão abundantemente virtuoso, quanto virtuoso, se torna o seu
parceiro no encontro com este mesmo amor.
Como não estamos preparados
para viver isto, na medida em que desconhecemos esta realidade, nos lançamos de
olhos vendados a aventuras amorosas que
se finalizam em pouco tempo, ou se estendem pela vida toda, trazendo apenas
infelicidade e desilusões.
O amor não foi criado por
Deus para que as pessoas mudem (mesmo porque Deus é o próprio amor, ele não o
criou, ele É), o amor existe para que nos reconheçamos como seres amorosos. O
Amor é a atmosfera divina que nos concede a capacidade de nos descobrir como
almas.
E a partir desta descoberta pessoal, viver juntamente com o seu parceiro
(a), um contínuo movimento de expansão neste crescimento pessoal, acompanhado
(a) por um parceiro (a), que igualmente experimenta este mesmo crescimento.
E na união destas singularidades,
que cada um alcança o florescimento de suas mais elevadas virtudes, como
almas que vivem se abastecendo contínua e mutuamente no amor que reside em si,
e naquele que germina resultante da troca que se estabelece entre os amantes.
Mas hoje, o amor
transformou-se em um grande negócio. Sim, é através do amor que vemos
indústrias de cosméticos cada vez mais enriquecerem. A indústria do vestuário
ditando o que devemos ou não usar, a indústria do corpo determinando o aspecto
físico que é atraente ou não.
Talvez, possa não ser
percebida a relação que estabeleço, mas, você já parou para pensar que todas
estas indústrias acima identificadas, usam em suas propagandas o poder da
conquista, da sedução e da beleza?
Para que?
Para que o homem e/ou a
mulher conquistem o seu amor, ou estou enganado?
Com esta observação, o que eu
quero deixar evidenciado, é o quanto perdemos a noção do amor e aceitamos as sugestões devidamente articuladas por conglomerados econômicos.
Estes conglomerados usam conscientemente em seu favor uma das mais carentes
manifestações na vida do ser humano, o amor. Mas inteligentemente camuflam o
amor, com ofertas outras que se tornam enganosas e nos iludem, mas, tem subliminarmente
ao amor, como conquista em seu foco oculto e central nesta oferta ilusória.
Resgatar em nós a condição de
movimentação através e pelo amor, é
uma tarefa que para muitos se torna cada vez mais distante.
Viver o amor traz
enriquecimento e o florescimento do ser.
Não afirmo que não existam
casais que experimentam esta realidade, assim como também não afirmo que as
pessoas não querem viver esta atmosfera amorosa em suas vidas. Claro que
compreendo esta busca como presente em cada um de nõa, mas, não posso deixar de
observar e registrar o descaminho que
permitimos se apossar de nós.
Em algum momento perdemos a
referência nesta busca, que não pode se expressar como uma conquista, uma
vitória ou qualquer outra identificação similar a estas.
A única busca a qual me
refiro, não se expressa por conceitos gerados no ego, a verdadeira busca
concede-nos a sublimação de nossos aspectos desassociados da vida e do amor.
Conduzindo-nos de maneira
espontânea ao encontro em nós desta natureza tão suave e clara, límpida e
profunda como o é a existência de Deus em cada um de nõs.
Em meu trabalho, tenho por
vezes sido muito contundente em minhas opiniões, quando as expresso em relação
a relacionamentos que são trazidos ao meu conhecimento.
Por percebê-los doentes e
consumidos pelo medo e a dor, sugiro o mais breve rompimento desta relação em
favor de ambos os parceiros.
Não posso conceber a
sustentação de uma relação, onde o amor tenha a muito se tornado apenas uma
tênue recordação, por mais singela e superficial que ela tenha se feito
presente na vida das pessoas em questão.
Não posso em nome de
circunstâncias materiais, físicas e sociais, incentivar a manutenção de uma
relação que não esteja despertando o amor aos seus participantes.
Em todos estes esquecimentos aos
quais nos entregamos em nossas vidas, este talvez seja o mais doloroso, o mais
triste e o mais agressivo.
Perdermos a consciência do
amor e a nossa real natureza amorosa, machuca a alma de uma maneira que somente
pode ser compreendia em nível de alma, distante, portanto, da compreensão
enquanto manifestamo-nos pelo ego.
Nós estamos aqui por uma
única e simples razão, descobrir e permitir que o amor floresça em nós, uma
semente que seja regada e acarinhada em cada dia de nossas vidas, para que
desta forma, possamos permitir o seu florescer, e o abrir-se em pétalas sagradas
de uma flor que nos tomará por completo
e nos transportará aos jardins do Deus que habita em nós.
Isto não é um sonho, uma
ilusão, uma alucinação ou qualquer outra identificação menor do que estas.
Isto é um fato, uma
realidade, é concreto e puro, e somente poderá ser alcançado quando aceitarmos
esta verdade em nossos corações.
Não vim aqui para semear a
ilusão, o que AFIRMO, é resultado de vidas que se misturam em uma existência
que transcende a comum compreensão humana.
Infelizmente, ainda não
estamos conscientes desta condição, mas, a vida somente tem um caminho a ser
seguido, e este caminho, em cada passo, em cada respiração, em cada gesto e em
cada palavra tem que ser escrito na atmosfera do Amor.
Eu os deixo aqui e agora,
exatamente neste ponto, para que possam pensar nas palavras que aqui foram
formadas e manifestadas, mas, há algo ainda a lhes dizer sobre o amor.
Será falado daquele amor que
pulsa, que vibra e brilha dentro do coração e da consciência de cada um de
vocês...
Eu sou um em vocês.
Eu sou o amor no amor de
vocês.
Eu sou aquilo que vocês são, o eterno amor no próprio amor.
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